segunda-feira, 31 de março de 2008

Saudades...

Lembro-me de outros tempos, outros momentos, outros lugares...
Agora que anoitece mais tarde, lembro-me de longos passeios por ruelas e jardins à luz do luar, lembro-me de Lisboa às 4h da manhã e das longas viagens de volta ao local de partida preenchidas com jogos de palavras e conversas intelectuais. Lembro-me das noites no miradouro olhando a cidade iluminada e o parco movimento dos estudantes em épocas de exame, das tainas e gargalhadas de 20 ou 30 pessoas que se divertiam à grande sem dar grande importância ao resto porque naqueles momentos o que era verdadeiramente importante era estar ali junto dos amigos, das noites de cumplicidade a dois a ver um qualquer filme ou programa na tv até adormecer e dos cigarros fumados ou à pequenissima janela do quarto ou sentados na cama a partilhar uma caixa vermelha com o DUFFY DUCK que na altura nos servia de cinzeiro...

Lembro-me de tudo isto e lembro-me de ti...de nós...e daquele céu!
O céu mais magnifico que alguma vez vi...um céu limpo e estrelado que nos preenche e nos aconchega a alma como um tecido suave e quente que nos toca na pele.

O céu da bela e muy nobre cidade de Évora!!!

sexta-feira, 28 de março de 2008

Tadinho do Noddy...

Há uns dias fui jantar a casa de uma amiga. Era um jantar cheio de fernicoques e tive que ir toda pinoca para não fazer má figura. A ocasião era especial, finalmente ia apresentar o namorado!!!

Fiquei incumbida de levar a sobremesa e, como anda tudo em dieta, resolvi fazer uma salada de fruta que me deu um trabalhão do caraças!!!Enfim... Quando cheguei a casa dessa minha amiga (toda muito Tia, Tá'ver?) entrei e, sem cerimónias, fui directa à cozinha para pousar a taça da fruta. Foi então que me deparei com um homem de avental a espreitar para o forno (felizmente consegui conter-me e não desatei ás gargalhadas como é meu normal), para não atrapalhar aquele momento de intensa ligação entre o fulano e o forno, pousei a dita taça e saí de mansinho, não fosse a quimica entre aqueles dois descambar.

Já na sala, todos a conversar, perguntei à minha amiga pelo seu "cherry" ao que ela me respondeu: "Deve estar na cozinha a tratar do jantar, eu hoje só fiz a salada!"
O tempo passou e, na hora de sentar para jantar, lá saiu o gajo da cozinha. Não é ser má lingua, mas a cara dele fez-me logo lembrar o Noddy... faltava-lhe o barrete azul com o guizo na ponta, mas aquela cara de bonacheirão e ao mesmo tempo pateta alegre deu comigo em doida.
O jantar decorreu sem precalços nem incidentes. Todos muito polidos e cheios de "não me toques", até porque o Noddy também é todo cheio de etiqueta e não sei quê...
De facto estava tudo muito bonito e apresentável mas a certa altura reparei que apenas o Noddy se levantava, retirava os pratos, servia o vinho, servia os convidados, retirava e recolocava as travessas na mesa, servia a sobremesa, tirava os cafés, etc. etc. etc.
Como sou a única solteira do grupo e detesto fazer de vela para os outros, achei melhor levantar-me para ajudar o pobre Noddy escravo nas lides e artes de bem receber. Quando se aprecebeu do que ia fazer, a minha amiga disse-me de imediato que me sentasse e não me preocupasse pois o dito tratava de tudo. Se era assim que ela queria...por mim tudo bem e fiquei naquela conversa hipócrita de quem não faz a minima ideia do que se passa no mundo real.
O tempo passou e quando chegou a hora de dar aos calcantes daquele circo olhei de relance para a cozinha...estava impecavelmente limpa e arrumada. De facto o Noddy tinha dado conta do recado e tudo estava um brinco.

Não percebo esta gente, tanta etiqueta e tanto "não me toques" mas no final a imagem que nos fica é a dela "sintada no sófá com o rolos na cabeça e a limar as unhas, ele de pijama a limpar a casa de banho e ela aos gritos a dizer: "Oh Zé dispacha-te c'ainda tens de labar a louça!!!!"

terça-feira, 25 de março de 2008

Por conta própria

Não há dúvida que viver por conta própria é um desafio, uma aventura mas é ao mesmo tempo um acto que faz de nós seres mais responsáveis, independentes e "ranhosos".
Há já 4 anos que ando na lufa lufa de mudar de casa sempre que entra o mês de Agosto e todas as vezes que embrulho e arrumo as coisas penso que será diferente da última vez qe estive em casa da mãe.
Hoje, e depois de mais uma discussão (perfeitamente normal entre duas pessoas habituadas a viver sozinhas e a gerir o seu tempo, espaço e atitudes apenas em função delas mesmas e nada mais) dou por mim a pensar mais uma vez: "Bolas, estou farta disto!"
Apetece-me sair porta fora, arranjar uma casa só para os poucos fins de semana que cá venho e para as férias, sempre tinha um espaço só meu sem ninguém a meter o bedelho no que faço ou a que horas me deito e me levanto. Ao mesmo tempo que penso isto,penso também na mulher fantástica e valente que fez de mim a pessoa que hoje sou...é de facto uma mulher de força e de um valor que poucos conhecem. Falo da minha mãe, claro está, é uma mulher de armas, excelente profissional, uma amiga como existem poucas mas com um feitiozinho de revirar os olhos a um santo... ela diz que eu saí ao meu pai e, de facto, em inumeras coisas sou parecida com ele mas hoje tirei as dúvidas que ainda tinha (ao fim de quase 28 anos já eram poucas) em termos de feitio, saio a ela, de certeza absoluta!!!

Mãezinha, tu sabes que te adoro, mas é impossivel vivermos mais de 3 dias juntas... cada uma na sua casa é que nos entendemos!

Sem dúvida, por conta própria é que se vive bem...

KittyPastilhas

Algumas pessoas acham estranho este nome para um blog, mas quem me conhece e convive comigo diariamente sabe do que falo.
Há uns meses, ofereceram-me uma Kitty de plástico (tipo aquelas coisas pirosas que dão no HappyMeal), pois bem essa Kitty é especial, não é como as outras que são fofinhas e muito queridas com o seu laço nas orelhas e olhos esbugalhados...quer dizer, a minha até tem os olhos esbugalhados, mas a razão é outras que já vão perceber.
Como estava a dizer, a minha Kitty é especial, digamos que na parte inferior traseira tem um buraco... mas um buraco especial!
Nos intervalos das aulas, ela é uma companhia indispensável. As amigas e as colegas já a conhecem e tratam-na por tu. Ela é uma querida, mal acaba o cigarrinho distribui pastilhas para quem quiser e quando chegam ao fim, olha para mim com ar desconsolado na esperança que lhas compre para distribuir hálito fresco pelos interessados.
Ora, visto que a Kitty é de plástico e tem um buraco na parte inferior traseira e distribui pastilhas por todo o pessoal, não será dificil perceber como funciona o mecanismo, certo?
Eu compro as pastilhas e meto-lhas no dito "buraco" depois é só o pessoal pegar nela e servir-se antes das aulas para não dar mau aspecto para os miúdos (alguns deles que também fumam) e que, de resto, passam por nós na rua (local único onde ainda se pode fumar) e vêm o que estamos a fazer.
Eu chamo-lhe a Kitty caga pastilhas e é presença obrigatória na minha vida! :0)

segunda-feira, 24 de março de 2008

Pao-de-ló de corrida

A maioria das pessoas habitua-se a ir de férias nesta altura do ano, aproveita para carregar baterias e descansar para tentar aguentar a coisa até às ditas férias bem merecidas.
Eu como sou diferente, vim até casa passar esta altura com a família.
Na Páscoa temos a tradição de receber o compasso para benzer a casa e todos os elementos da família. De há uns anos a esta parte, a coisa fica interessante... recebemos o compasso cá na casa da menina, temos tudo nos conformes como manda a tradição. Mal o padre sai pela porta, começa o reboliço!!! A mãe agarra no papel aderente para embrulhar o pão-de-ló, a tia lava à pressa os copos de vinho do porto que foram utilizados pelos bacanos que nos vieram buscar o guito e nos molharam a casa sem razão nenhuma porque nunca ninguém lhes fez mal, o tio agarra na velhota e na prima e zarpam pelas escadas, como andam mais devagar precisam de mais tempo, e eu enfio as amêndoas num saco plástico. Todos prontos, enfia-se tudo num saco e bora lá... todos em sprint à frente do compasso pela rua acima. O objectivo é chegar a casa da tia, desembrulhar o dito pão-de-ló, arranjar a mesa toda bonita com as amêndoas que vinham no saco, pôr mais uns copos e uma garrafa de porto para quem se quiser servir, e estarmos todos pinocas para receber o mesmo padre e os mesmos bacanos que tinham estado connosco 5 minutos antes!!! Mais um quanto guito para o padre, umas pingas de água espalhadas no chão, e toda a gente porta fora de novo.
Mais um sprint até casa porque entretanto já os amigos estão à porta...depois de tanto tempo fora, é preciso botar a conversa em dia, saber as novidades e ter uma discussãozita sobre a carreira docente, as avaliações, dizer mal deste e daquele que nunca vimos mais gordos...
No fundo, no fundo e no meio disto tudo, o único que não se cansa é o pão-de-ló!!!